quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ulysses


O mito é o nada que é tudo
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo

Este, que aqui aportou
Foi por não ser existindo
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade
E a fecunda-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
                                     Fernando Pessoa in Mensagem

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