sábado, 23 de março de 2013

Concerto As Sete Últimas Palavras

                                         
                                                                     

AS SETE PALAVRAS DE JESUS CRISTO NA CRUZ
  
DE
HEINRICH  SCHÜTZ (1585-1672 )

 

IGREJA DO SEMINÁRIO

DIA 25 DE MARÇO, ÀS 21.30
 
  LARGO DA LUZ - LISBOA
                               

 

sexta-feira, 22 de março de 2013

As Sete Últimas Palavras


"Podemos fazer remontar a devoção às Sete Últimas Palavras de Jesus na Cruz ao século XII. Vários autores teceram um relato harmonioso da vida de Jesus, a partir dos quatro Evangelhos. Reuniram assim as suas últimas palavras na cruz, sete frases, que viriam a tornar-se tema de meditação. Estas últimas palavras foram comentadas por S. Boaventura e popularizadas pelos Franciscanos. Foram de uma importância imensa na piedade medieval tardia, e foram associadas à meditação sobre as sete chagas de Cristo, e vistas como tratamento para os Sete Pecados Capitais. 

(...) A história do Cristianismo é um drama acerca das palavras e do seu significado. Da Palavra de Deus e das nossas. Começa com a Palavra, mediante a qual tudo começou a existir.(...) Quando o anjo Gabriel apareceu a Maria e lhe anunciou a concepção de Jesus, teria Maria dito Sim?(...) A vinda da Palavra depende da palavra dela.
(...) As nossas palavras transmitem vida ou morte; criam ou destroem. O clímax deste drama são as últimas palavras de Jesus na Cruz. Guardamo-las como um tesouro porque nelas está enraizada a nossa fé de que as palavras humanas têm de facto um longo alcance, tocando um destino e uma finalidade últimos.
(...)A nossa fé  não é crer apenas que a existência humana tem um significado particular, mas que tem um sentido que transcende todas as nossas palavras. (...) Nestas sete últimas frases de Jesus, assistimos à última confrontação, entre palavras e silêncio, significado e absurdo, acreditando que a vitória foi alcançada."

Timothy Radcliffe in as sete últimas palavras


quarta-feira, 20 de março de 2013

Morte

“A morte é um facto (biológico), pode ser um ato (ato humano) e muito frequentemente dá lugar e um acontecimento (social).”
                                                                                                                                                                           Pedro Laín Entralgo
“Não se pode dizer que a teologia da morte tenha, na dogmática, a atenção que este tema teológico merece. Pela experiência, julgamos saber o que é a morte, e passamos rapidamente para o quem vem ‘depois’, como se aí começasse a teologia da mesma"
                                                                                                                                             Karl Rahner

segunda-feira, 18 de março de 2013

Vivência espiritual de um ateu. A unidade profunda de todas as coisas.

"Essa noite,depois de jantar, saí para passear com alguns amigos naquele bosque que amávamos. Estava escuro. Caminhávamos. Pouco a pouco, as risadas acabaram, as palavras escassearam; ficava a amizade, a confiança, a presença compartida, a doçura dessa noite e de tudo[...]Eu não pensava em nada. Olhava. Escutava. Rodeado pela escuridão do bosque. A espantosa luminosidade do céu. O murmúrio silencioso do bosque: alguns ruídos nos galhos, alguns gritos de animais, o ruído mais surdo dos nossos passos[...] Tudo fazia com que o silêncio fosse mais audível. E de repente[...]o quê? Nada! Quer dizer tudo!Nenhum discurso. Nenhum sentido. Nenhuma interrogação. Só uma surpresa. Só uma evidência. Só uma felicidade que parecia infinita. Só uma paz que parecia eterna. O céu estrelado sobre minha cabeça, imenso, insondável, luminoso e nada mais em mim além desse silêncio,dessa luz, como uma vibração feliz, como uma alegria sem sujeito, sem objeto(...) nenhuma outra coisa em mim, na noite escura, além da presença deslumbrante de tudo! Paz. Uma imensa paz. simplicidade. Serenidade. Alegria."

 Comte-Sponville in El alma del ateísmo, 2006

Diário de Etty Hillesum - 26 de Agosto[de 1941], terça-feira à tarde

«Dentro de mim há um poço muito fundo. E lá dentro está Deus. Às vezes consigo lá chegar. Mas acontece mais frequentemente haver pedras e cascalho no poço, e aí Deus está soterrado. Então é preciso desenterrá-lo. Imagino que há pessoas que rezam com os olhos apontados ao céu. Essas procuram Deus fora de si. Há igualmente pessoas que curvam profundamente a cabeça e a escondem nas mãos, penso que elas procuram Deus dentro de si.»

 in Etty Hillesum, Diário, p.112