sexta-feira, 5 de abril de 2013

O Salmo 137(136) na música


No campo musical é peça de referência a ópera em quatro atos de Giuseppe Verdi  Nabuccodonosor, mais conhecida como Nabuco; Estreia no La Scala a 9 de Março de 1842, e é considerada como a ópera de maior sucesso na história deste teatro, fazendo de Verdi um dos mais conceituados compositores italianos.
Com  libreto de Temistocle Solera, baseia-­se no Antigo Testamento e na obra Nabuccodonosor de Francis Cornue e Anicète Bourgeois. 
A ação desenrola-se durante o reinado de Nabuccodonosor II Rei da Babilónia que subiu ao poder 605 anos antes de Cristo, e que foi o responsável pela reconstrução da cidade considerada uma das 7 Maravilhas do Mundo. Cerca de 20 anos depois de ter sido coroado Nabuccodonosor parte à conquista das terras de Judá destruindo o Templo de Salomão e fazendo numerosos prisioneiros que leva consigo para a Babilónia na condição de escravos.

É na terceira parte da ópera denominada A Profecia que podemos escutar uma das árias mais bonitas e que nos situa no Salmo 137 Va, pensiero, sull'ali dorate (coro dos Escravos Hebreus) cantada pelos hebreus enquanto descansam do trabalho escravo, diante das margens do Eufrates relembrando a pátria perdida.
Esta ária tornou-se uma música símbolo do nacionalismo italiano da época.

Va, pensiero, sull'ali dorate (tradução)

Vai, pensamento, sobre as asas douradas
Vai, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do Jordão
E as torres abatidas do Sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh, lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque choras a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fala-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de Jerusalém
Traz-nos  um ar de lamentação triste,
Ou  que o Senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.



quinta-feira, 4 de abril de 2013

O Salmo 137(136) na literatura


Ao longo dos tempos os Salmos bíblicos têm sido uma fonte de ajuda espiritual para os cristãos e no panorama cultural  fonte de inspiração de crentes e não crentes.
É disso exemplo o Salmo 137 (136), salmo de súplica, que nos fala da revolta sentida pelos levitas, escravos na Babilónia, distantes de Jerusalém, e sem alegria para viver.
Ao longo dos séculos escritores, poetas, músicos vivenciaram momentos de solidão e abandono; umas vezes exilados no estrangeiro, outros cativos na sua própria terra. Buscando inspiração no Salmo 137(136) expressaram os seus sentimentos mais profundos através da poesia, prosa e música. Entre eles podemos salientar Luís Vaz de Camões nas redondilhas Sôbolos rios, que vão (1595) poema que descreve a sua solidão, angústia e dor de homem exilado; D. Francisco Manuel de Melo in As Segundas três Musas; Jorge de Sena no seu conto “Super Flumina Babylonis”estabelece um paralelo entre o salmo bíblico, as redondilhas de Camões e a sua vida de exílio.
Podemos ainda citar José Saramago que no livro Os poemas possíveis (1966) traduz no poema  Salmo 136 a angústia de se sentir cativo no seu país 

SALMO 136
Nem por abandonadas se calavam
As harpas dos salgueiros penduradas.
Se os dedos dos hebreus as não tocavam,
O vento de Sião, nas cordas tensas,
A música da memória repetia.
Mas nesta Babilónia em que vivemos,
Na lembrança Sião e no futuro,
Até o vento calou a melodia.
Tão rasos consentimos nos pusessem,
Mais do que os corpos, as almas e as vontades,
Que nem sentimos já o ferro duro,
Se do que fomos deixarem as vaidades.

Têm os povos as músicas que merecem.







quarta-feira, 3 de abril de 2013

Páscoa na aldeia

Minha aldeia na Páscoa...
Infância, mês de Abril!
Manhã primaveril!
A velha igreja.
Entre as árvores alveja,
Alegre e rumorosa
De povo, luzes, flores...
E, na penumbra dos altares cor-de-rosa .
Rasgados pelo sol os negros véus.
Parece até sorrir a Virgem-Mãe das Dores.
Ressurreição de Deus! (...)
Em pleno azul, erguida
Entre a verde folhagem das uveiras.
Rebrilha a cruz de prata florescida...
Na igreja antiga a rir seu branco riso de cal.
Ébrias de cor, tremulam as bandeiras...
Vede! Jesus lá vai, ao sol de Portugal!
Ei-lo que entra contente nos casais;
E, com amor, visita as rústicas choupanas.
É ele, esse que trouxe aos míseros mortais
As grandes alegrias sobre-humanas.
Lá vai, lá vai, por íngremes caminhos!
Linda manhã, canções de passarinhos!
A campainha toca: Aleluia! Aleluia! (...)
Velhos trabalhadores, por quem sofreu Jesus.
E mães, acalentando os filhos no regaço.
Esperam o COMPASSO...
E, ajoelhando com séria devoção.
Beijam os pés da Cruz.


                                                                   Teixeira de Pascoaes

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Hino Pascal


Nasceu o Sol da Páscoa gloriosa,
Ressoa pelo céu um canto novo,
Exulta de alegria a terra inteira.

Dos abismos da morte e da tristeza
Sobe o Senhor Jesus à sua glória,
Libertando os antigos Patriarcas.

Sem saber que o sepulcro está vazio,
A guarda, vigilante, testemunha
O poder do Senhor ressuscitado.

Rei imortal, contigo glorifica
Neste dia de glória os que em teu nome
Renasceram das águas do Baptismo.

E desça sobre a Igreja e sobre o mundo,
Como penhor de paz e de esperança,
A luz da tua Páscoa esplendorosa.

Cantemos a Deus Pai e a seu Filho,
Louvemos o Espírito de amor,
Agora e pelos séculos sem fim.

                                                         Liturgia das Horas