quinta-feira, 4 de abril de 2013

O Salmo 137(136) na literatura


Ao longo dos tempos os Salmos bíblicos têm sido uma fonte de ajuda espiritual para os cristãos e no panorama cultural  fonte de inspiração de crentes e não crentes.
É disso exemplo o Salmo 137 (136), salmo de súplica, que nos fala da revolta sentida pelos levitas, escravos na Babilónia, distantes de Jerusalém, e sem alegria para viver.
Ao longo dos séculos escritores, poetas, músicos vivenciaram momentos de solidão e abandono; umas vezes exilados no estrangeiro, outros cativos na sua própria terra. Buscando inspiração no Salmo 137(136) expressaram os seus sentimentos mais profundos através da poesia, prosa e música. Entre eles podemos salientar Luís Vaz de Camões nas redondilhas Sôbolos rios, que vão (1595) poema que descreve a sua solidão, angústia e dor de homem exilado; D. Francisco Manuel de Melo in As Segundas três Musas; Jorge de Sena no seu conto “Super Flumina Babylonis”estabelece um paralelo entre o salmo bíblico, as redondilhas de Camões e a sua vida de exílio.
Podemos ainda citar José Saramago que no livro Os poemas possíveis (1966) traduz no poema  Salmo 136 a angústia de se sentir cativo no seu país 

SALMO 136
Nem por abandonadas se calavam
As harpas dos salgueiros penduradas.
Se os dedos dos hebreus as não tocavam,
O vento de Sião, nas cordas tensas,
A música da memória repetia.
Mas nesta Babilónia em que vivemos,
Na lembrança Sião e no futuro,
Até o vento calou a melodia.
Tão rasos consentimos nos pusessem,
Mais do que os corpos, as almas e as vontades,
Que nem sentimos já o ferro duro,
Se do que fomos deixarem as vaidades.

Têm os povos as músicas que merecem.







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