11
Dói-me o coração das árvores ardidas,
das águas poluídas dos rios e dos
mares;
tanto desperdício e tanto lixo
que aumenta, aumenta sempre
e a passo de gigante!
E Tu pedes-me que cante?...
12
Dói-me a desolação no rosto dos
desempregados,
dos sem-abrigo e dos refugiados.
Dói-me a fome de pão e a fome de Amor
de quem não Te conhece ou Te
esqueceu, Senhor.
Dói-me esta fome tão contagiante…
E pedes-me que cante?...
13
Dói-me a alma magoada da mulher
das ruas mais obscuras da cidade;
da mulher que é usada e depois desprezada,
que já nem reconhece a própria
dignidade
e espera um sonho que a resgate ou
encante…
E pedes-me que cante?...
14
Dói-me o cansaço deste povo
vivendo em permanente agitação,
sem tempo para orar,
sem tempo para pensar,
sem reparar no irmão caído ao seu
lado
sem ninguém que o levante…
E pedes-me que cante?...
15
Dói-me o silêncio triste do irmão
deprimido
e o silêncio ferido do que é
oprimido;
do que não tem voz ou não se atreve a
usá-la,
e permanece anónimo, sem
representante…
E pedes-me que cante?...
Maria Teresa Maia Gonzalez
Maria Teresa Maia Gonzalez
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