quinta-feira, 11 de abril de 2013

Salmo para o Século XXI ( a partir da reflexão sobre o Salmo 137)


                               11

Dói-me o coração das árvores ardidas,
das águas poluídas dos rios e dos mares;
tanto desperdício e tanto lixo
que aumenta, aumenta sempre
e a passo de gigante!
E Tu pedes-me que cante?...

                              12

Dói-me a desolação no rosto dos desempregados,
dos sem-abrigo e dos refugiados.
Dói-me a fome de pão e a fome de Amor
de quem não Te conhece ou Te esqueceu, Senhor.
Dói-me esta fome tão contagiante…
E pedes-me que cante?...

                               13

Dói-me a alma magoada da mulher
das ruas mais obscuras da cidade;
da mulher que é  usada e depois desprezada,
que já nem reconhece a própria dignidade
e espera um sonho que a resgate ou encante…
E pedes-me que cante?...

                          
                            14

Dói-me o cansaço deste povo
vivendo em permanente agitação,
sem tempo para orar,
sem tempo para pensar,
sem reparar no irmão caído ao seu lado
sem ninguém que o levante…
E pedes-me que cante?...

                           15

Dói-me o silêncio triste do irmão deprimido
e o silêncio ferido do que é oprimido;
do que não tem voz ou não se atreve a usá-la,
e permanece anónimo, sem representante…
E pedes-me que cante?...


                                                       Maria Teresa Maia Gonzalez

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